Farmácias *

* Parte de um texto publicado no Jornal do Centro, em 27 de Abril de 2007

     No nosso país é mais fácil abrir uma clínica que uma farmácia. Os governos dos últimos 40 anos, todos eles, têm-se “encolhido” perante este condicionamento comercial absurdo.


 
É conhecida a anedota:

«O melhor negócio em Portugal é uma farmácia bem gerida e o segundo melhor é uma farmácia mal gerida.»


     Não admira que o trespasse de uma farmácia atinja valores “pornográficos”.
     Em 1997, o deputado socialista Strech Monteiro tentou enfrentar este cartel mas o seu Grupo Parlamentar não deixou.
     Ferro Rodrigues, em 2002, defendeu a abertura de cem farmácias sociais e, por isso, sofreu uma campanha miserável feita pela Associação Nacional de Farmácias.
     Em Maio de 2006, José Sócrates anunciou a intenção de liberalizar a propriedade das farmácias. A Assembleia da República acaba agora de autorizar o governo a legislar sobre o assunto. Vai deixar de ser preciso ter um canudo em farmácia para se poder ter uma.
     É um passo no caminho certo** mas que pede o passo seguinte: abrir o sector ao mercado e à concorrência. Isso é que era força perante os fortes.
     E defesa do interesse público.

** Reproduz-se o comentário certeiro de um leitor do Público, feito em Julho de 2007, quando foi aprovado o decreto feito pelo ministro de então, Correia de Campos:

«Anónimo , Arouca. 05.07.2007 20:50
Qual liberalização? Só acredito em liberalização quando um Farmacêutico licenciado nas Universidades Publicas e não só, reunindo as condições legais impostas necessárias puder abrir uma farmácia em frente ou ao lado doutra. De resto, tudo isto é evolução na continuidade deste negócio da china à custa de todos os consumidores. Nunca tantos contribuiram para enriquecer tão poucos.»

Comentários

  1. Excelente post e sobre um assunto que merece mais atenção.

    Recordo-me do cúmulo, quando Carlos Miranda ameaçou fazer greve de fome para dar uma ajudinha ao Dr. Cordeiro. Um verdadeiro porta-voz do ANF na assembleia.

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  2. Caro Filipe Brás Almeida
    O ex-deputado Carlos Miranda, que me lembre, nunca fez nenhuma "ameaça" de greve de fome.
    Carlos Miranda, por quem tenho estima, caracteriza-se por uma fleuma britânica incompatível com um acto tão "emocional".
    Tentei achar no Google algo que corrobore ou se aproxime da sua afirmação mas não achei.
    Carlos Miranda, sobre o assunto defendeu, em Abril de 2007, que o PSD iria «pedir a reapreciação parlamentar do diploma e obrigar "a uma discussão pública deste tema"»
    http://www.publico.pt/Sociedade/poder-das-farmacias-resulta-da-incompetencia-do-estado_1292057

    Cumprimentos

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  3. Concedo que não fui feliz na hipérbole. Greve de fome como quem diz, não olhar a meios para que a ANF não ficasse a perder. De qualquer modo, ficou patente de que lado estava o deputado nesta questão.

    É certo que será injusto a personalização quando há tantos culpados, mas por ser do meu ex-concelho, ficou-me atravessado.

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