Bonsai*

* Publicado hoje no Jornal do Centro




1. Na semana passada, escrevi aqui sobre as as “bombas do século XXI” que iam participar na rampa do Caramulo. Estava a contar com uma aguerrida “cavalaria” moderna monte acima. Tal não aconteceu.

A estagnação que se vive em Portugal desde 2002 sente-se também no nosso automobilismo de competição. Tal como o país, também as corridas estão a andar para trás como o caranguejo.

Foram pouquíssimas as “bombas” do século XXI no Caramulo. Eram quase todas do século passado.


2. Paul Schrader é mais conhecido pelos argumentos que escreveu (“Taxi Driver” e “Touro Enraivecido” são inesquecíveis) do que pelos filmes que realizou (“Rapariga na Zona Quente” e “American Gigolo” foram os de maior sucesso).

O seu primeiro filme - “Blue Collar” (1978) - é uma história que se passa entre operários da indústria automóvel americana num tempo em que fazia ainda sentido a diferença entre os colarinhos brancos dos serviços e os colarinhos azuis dos fatos-macacos dos operários.

Um dos operários passa o filme a chutar para canto enquanto a filha lhe pede um aparelho para endireitar os dentes. Ele não tem dinheiro. No fim, a filha, ela própria, espeta uns arames nas gengivas. Um desespero.

Sempre que oiço dizer que querem cortar as deduções das despesas de saúde no IRS dos portugueses lembro-me desta cena de “Blue Collar” de Paul Schrader.


3. Paul “Swifty” Lazar, um bem-sucedido agente de Hollywood, era um homem baixinho, um meia-leca. Uma vez o realizador Billy Wilder, irritado com ele, disse: «esse tipo devia ir enforcar-se num bonsai!»

No ano passado Maureen Dowd, no New York Times, recomendou a mesma penduração ao “querido líder” da Coreia do Norte, Kim Jong Hill.

Perante o que se está a passar com os direitos das minorias em França, eu digo:

«Sr. Sarkozy, vá enforcar-se num bonsai!»

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