TB *

* Este texto foi publicado no Jornal do Centro em 25 de Maio de 2007, por alturas da saída de TB (essa lamentável criatura...)

     1. O primeiro livro que li na vida foi um volume de contos religiosos que achei em casa dos meus avós. Um desses contos impressionou-me tanto que ainda hoje me lembro dele. Era mais ou menos assim:
     O frade TB viveu uma longa vida de santidade. Quando chegou a hora de prestar contas a Deus, juntou-se uma coorte de anjos para assistirem ao julgamento, cujo veredicto só podia ser um: o Paraíso.
     Numa nuvem dourada e brilhante, instalou-se a balança da justiça de Deus, com os seus dois pratos: o prato do bem e o prato do mal. Perante todos, em retrospectiva, reviu-se o filme da vida do frade. Em todas as terras Frei TB dera esmola aos pobres e confortara os doentes, ajudara os desesperados e dera calor aos seus corações. O prato do bem vergava ao peso daquela vida de virtude.
     Eis senão quando, para estupefacção de todos, o prato do mal começou a descer. «Que mal fez ele?» - perguntavam todos em estado de choque. O prato do mal, inexorável, afundou-se. Viu-se, então, o filme do que aconteceu: Frei TB a aproximar-se dum leitãozinho rosado, a matá-lo e a fazer uma fogueira…







Aquele homem, 
uma e só uma vez, 
depois de tantos jejuns e privações, por uma vez 
sem exemplo, 
ele, 
aquele santo, condenara-se às chamas do Inferno, 
ao soçobrar 
ao pecado da gula. 







     2. A crueldade desta história assombrou muito os meus sete anos. Frei TB tinha feito uma espécie de “paragem técnica” na Mealhada, terra de martírio dos pequenos recos saborosos. E quem nunca “parou na Mealhada” que atire a primeira pedra...

     3. É a hora de pôr a funcionar a balança do bem e do mal para Tony Blair. No prato do bem, uma vida de virtude política. No prato do mal, a Guerra do Iraque.
     Vá para o Inferno, Mr. Blair!

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