Zandinguices*
* Texto publicado no Jornal do Centro há exactamente dez anos, em 27 de Novembro de 2015
1. Escrevo este texto no dia em que Cavaco Silva indigitou, perdão, no dia em que o PR decidiu “indicar” António Costa para primeiro-ministro.
Também se acabam de saber os nomes dos ministros socialistas. Sem surpresa, Maria Manuel Leitão Marques, a cabeça de lista de Viseu pelo PS, vai ser ministra “Simplex 2.0”, deixando vago o seu lugar de deputada. Vai entrar a quarta da lista.
Ora, este “descer” na lista de Viseu, que pode não ficar por aqui, vai ser um patético “cair-para-baixo”. O PS fez mal em só se ter preocupado com a qualidade dos três primeiros nomes.
2. A “pergunta de um milhão de euros” agora é a seguinte: quanto tempo vai conseguir aguentar-se o governo de António Costa?
Mesmo sabendo-se que a direita vai eleger Marcelo, mesmo sabendo-se da “legitimidade” atribulada deste governo, mesmo assim Costa só deverá ter sérios problemas no outono de 2017, na discussão do orçamento para o ano seguinte.
É que o Bloco de Esquerda é pragmático como o Syriza — tanto vota primeiro na desausteridade como a seguir na austeridade; não quer é eleições já porque receia perder metade dos deputados.
É que o PCP, mesmo com a segurança dos seus fiéis 400 mil votos, cumpre a sua parte desde que seja revertida a privatização dos transportes de Lisboa e do Porto.
É que o BCE vai continuar a mesma política monetária e dar respaldo às emissões de dívida pública.
É que os portugueses são mais sensatos que os seus políticos. O pequeno ganho de poder de compra das famílias em 2016 vai para poupança e não para consumo; ele não vai comprometer as nossas contas externas nem inquietar os mercados.
3. Termino com um precautério, estas zandinguices que nunca nos façam esquecer o grande João Pinto: «prognósticos só no fim do jogo».
É difícil prever a dois meses quanto mais a dois anos. Quem é que podia adivinhar, em 4 de Outubro, que uma derrota nada poucochinha de António Costa ia pô-lo a primeiro-ministro?
1. Escrevo este texto no dia em que Cavaco Silva indigitou, perdão, no dia em que o PR decidiu “indicar” António Costa para primeiro-ministro.
Também se acabam de saber os nomes dos ministros socialistas. Sem surpresa, Maria Manuel Leitão Marques, a cabeça de lista de Viseu pelo PS, vai ser ministra “Simplex 2.0”, deixando vago o seu lugar de deputada. Vai entrar a quarta da lista.
Ora, este “descer” na lista de Viseu, que pode não ficar por aqui, vai ser um patético “cair-para-baixo”. O PS fez mal em só se ter preocupado com a qualidade dos três primeiros nomes.
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| Editada a partir de uma fotografia de Enric Vives-Rubio (Público) |
Mesmo sabendo-se que a direita vai eleger Marcelo, mesmo sabendo-se da “legitimidade” atribulada deste governo, mesmo assim Costa só deverá ter sérios problemas no outono de 2017, na discussão do orçamento para o ano seguinte.
É que o Bloco de Esquerda é pragmático como o Syriza — tanto vota primeiro na desausteridade como a seguir na austeridade; não quer é eleições já porque receia perder metade dos deputados.
É que o PCP, mesmo com a segurança dos seus fiéis 400 mil votos, cumpre a sua parte desde que seja revertida a privatização dos transportes de Lisboa e do Porto.
É que o BCE vai continuar a mesma política monetária e dar respaldo às emissões de dívida pública.
É que os portugueses são mais sensatos que os seus políticos. O pequeno ganho de poder de compra das famílias em 2016 vai para poupança e não para consumo; ele não vai comprometer as nossas contas externas nem inquietar os mercados.
3. Termino com um precautério, estas zandinguices que nunca nos façam esquecer o grande João Pinto: «prognósticos só no fim do jogo».
É difícil prever a dois meses quanto mais a dois anos. Quem é que podia adivinhar, em 4 de Outubro, que uma derrota nada poucochinha de António Costa ia pô-lo a primeiro-ministro?


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