Esferovite *
* Texto publicado hoje no Jornal do Centro
1. Este é o Olho de Gato número 555 e sai a uma sexta-feira, dia treze. Se fosse o #666, o bíblico “número da besta”, o azar era certo. Assim, pode ser que se safe sem azares de maior.
Tinha guardado como tema para esta semana o “papel” assinado pelas esquerdas. Afinal, em vez de um, foram três os “papéis” assinados entre o PS e o Bloco, o PCP e o PEV, numa cerimónia à porta fechada.
Neles, há muitas coisas boas. A melhor de todas é o abandono da ideia de Centeno de reduzir a TSU que ia causar um rombo estúpido na segurança social, como foi aqui explicado antes das eleições. Contudo, em nenhum daqueles “papéis” se encontra uma ideia de projecto, de futuro.
Neles, só há um objectivo: o regresso ao Portugal anterior à bancarrota de 2011. Ora, isso é impossível. E indesejável.
Neles, os partidos de esquerda nada dizem sobre a “Europa” e as nossas obrigações orçamentais — devem julgar que podem evitar o pingamento do nariz nos dias frios só por não falarem em “constipação”.
Quanto tempo esta construção em esferovite de António Costa vai resistir aos abanões cruzados do comité central e do eurogrupo?
2. Defenestrada do poder e ainda aturdida, o que vai fazer a direita?
Em primeiro lugar, não vai aceitar a legitimidade do primeiro-ministro António Costa. É sabido: governo com legitimidade aceite por vencedores e perdedores só depois de novas legislativas.
Em segundo lugar, a direita vai reaprender a usar a “rua”, de que anda ausente desde a campanha presidencial de Freitas do Amaral há 30 anos, quando o país também esteve dividido ao meio como está agora.
Ou o professor Marcelo Rebelo de Sousa incorpora na sua candidatura esta energia revoltada ou aparece-lhe alguém no seu campo a obrigá-lo a uma segunda volta. O professor tem a sorte de não haver à esquerda nenhum candidato forte, mas, depois desta semana, e vou usar uma expressão à Marcelo-comentador, a sua eleição já não é “trigo-limpo-farinha-Amparo”.
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Neles, há muitas coisas boas. A melhor de todas é o abandono da ideia de Centeno de reduzir a TSU que ia causar um rombo estúpido na segurança social, como foi aqui explicado antes das eleições. Contudo, em nenhum daqueles “papéis” se encontra uma ideia de projecto, de futuro.
Neles, só há um objectivo: o regresso ao Portugal anterior à bancarrota de 2011. Ora, isso é impossível. E indesejável.
Neles, os partidos de esquerda nada dizem sobre a “Europa” e as nossas obrigações orçamentais — devem julgar que podem evitar o pingamento do nariz nos dias frios só por não falarem em “constipação”.
Quanto tempo esta construção em esferovite de António Costa vai resistir aos abanões cruzados do comité central e do eurogrupo?
2. Defenestrada do poder e ainda aturdida, o que vai fazer a direita?
Em primeiro lugar, não vai aceitar a legitimidade do primeiro-ministro António Costa. É sabido: governo com legitimidade aceite por vencedores e perdedores só depois de novas legislativas.
Em segundo lugar, a direita vai reaprender a usar a “rua”, de que anda ausente desde a campanha presidencial de Freitas do Amaral há 30 anos, quando o país também esteve dividido ao meio como está agora.
Ou o professor Marcelo Rebelo de Sousa incorpora na sua candidatura esta energia revoltada ou aparece-lhe alguém no seu campo a obrigá-lo a uma segunda volta. O professor tem a sorte de não haver à esquerda nenhum candidato forte, mas, depois desta semana, e vou usar uma expressão à Marcelo-comentador, a sua eleição já não é “trigo-limpo-farinha-Amparo”.
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