Arqueologia da bancarrota de 2011
Ao longo do ano de 2010, a república portuguesa viu o seu acesso aos mercados a ficar cada vez mais caro e difícil. O seu rating foi trambolhando enquanto o então primeiro-ministro, José Sócrates, ia fazendo PECs a seguir a PECS, e ia adjudicando obras-públicas à Mota Coelho Espírito Santo Engil e à Lena.
A conversa dos papagaios das televisões, durante todo aquele ano, não passou nunca de variações em dó menor acerca dos maus fígados das empresas de rating que se tinham mancomunado com os senhores do universo para fazer mal ao país. Isto é, o país não estava informado de que já não havia dinheiro para pagar os défices que, então, atingiam dois dígitos.
Ao mesmo tempo, e em desespero, o chefe do governo de então corria a pedir dinheiro, em vão, aos kadhafis deste mundo.
O país estava bloqueado politicamente, com um governo minoritário em negação e cheio de pensamento mágico, com o primeiro-ministro, tal qual a Maya, a apelar às "energias positivas" e um presidente da república, sempre timorato, a assistir a toda esta degradação e bloqueio apenas preocupado com a sua reeleição.
Depois de uma das campanhas eleitorais mais lamentáveis da história da terceira república, Cavaco lá foi reeleito no início de 2011.
Fernando Teixeira dos Santos, em Abril, não aguentou mais e pediu o resgate, quando os cofres públicos já só tinham 300 milhões de euros.
Pela terceira vez em 40 anos, Portugal ficou sob tutela, uma nada discreta tutela dos credores que nos emprestaram 78 mil milhões, 40% do PIB (!).
Este acto em 25ª hora de Fernando Teixeira dos Santos valeu-lhe ontem, no 10 de Junho comemorado em Lamego, a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo.
Disse ele ontem aos jornalistas: “O sr. Presidente veio reconhecer o mérito dessa decisão [de pedir auxílio à troika] que foi um serviço prestado ao país. Teve o privilégio de o reconhecer na minha pessoa o que me deixa muito honrado.”
Teixeira dos Santos devia ter batido o pé mais cedo a José Sócrates? Claro que sim e ele já o reconheceu.
Mas a responsabilidade não foi só dele. Isso competia, em primeira linha, a Cavaco e ao PS. Cavaco não esteve à altura das suas responsabilidades e o partido socialista deixou-se anular pelo autoritarismo negocista socrático, tendo-se transformado numa máquina de poder caudilhista e sem valores.
(Um parêntesis: a última convenção socialista com uma votação "albanesa", com um só voto contra de Maria Rosário Gama , deve inquietar quem julgava que o PS já recuperara dos anos socráticos de demissão cívica dos seus dirigentes e quadros).
Regressando-se ao tópico: o pedido do resgate devia ter sido na segunda metade de 2010. O meio ano de atraso custou ao país mais "suor e lágrimas" do que teria sido necessário.
Contudo, como já detalhado, esse ónus não pode nem deve ficar só sobre o peito de Teixeira dos Santos. Que lhe fique ao peito antes, porque é justa, esta condecoração.
A conversa dos papagaios das televisões, durante todo aquele ano, não passou nunca de variações em dó menor acerca dos maus fígados das empresas de rating que se tinham mancomunado com os senhores do universo para fazer mal ao país. Isto é, o país não estava informado de que já não havia dinheiro para pagar os défices que, então, atingiam dois dígitos.
Ao mesmo tempo, e em desespero, o chefe do governo de então corria a pedir dinheiro, em vão, aos kadhafis deste mundo.
O país estava bloqueado politicamente, com um governo minoritário em negação e cheio de pensamento mágico, com o primeiro-ministro, tal qual a Maya, a apelar às "energias positivas" e um presidente da república, sempre timorato, a assistir a toda esta degradação e bloqueio apenas preocupado com a sua reeleição.
Depois de uma das campanhas eleitorais mais lamentáveis da história da terceira república, Cavaco lá foi reeleito no início de 2011.
Fernando Teixeira dos Santos, em Abril, não aguentou mais e pediu o resgate, quando os cofres públicos já só tinham 300 milhões de euros.
Pela terceira vez em 40 anos, Portugal ficou sob tutela, uma nada discreta tutela dos credores que nos emprestaram 78 mil milhões, 40% do PIB (!).
Este acto em 25ª hora de Fernando Teixeira dos Santos valeu-lhe ontem, no 10 de Junho comemorado em Lamego, a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo.
Fotografia de Paulo Novais/Lusa (daqui) |
Disse ele ontem aos jornalistas: “O sr. Presidente veio reconhecer o mérito dessa decisão [de pedir auxílio à troika] que foi um serviço prestado ao país. Teve o privilégio de o reconhecer na minha pessoa o que me deixa muito honrado.”
Teixeira dos Santos devia ter batido o pé mais cedo a José Sócrates? Claro que sim e ele já o reconheceu.
Mas a responsabilidade não foi só dele. Isso competia, em primeira linha, a Cavaco e ao PS. Cavaco não esteve à altura das suas responsabilidades e o partido socialista deixou-se anular pelo autoritarismo negocista socrático, tendo-se transformado numa máquina de poder caudilhista e sem valores.
(Um parêntesis: a última convenção socialista com uma votação "albanesa", com um só voto contra de Maria Rosário Gama , deve inquietar quem julgava que o PS já recuperara dos anos socráticos de demissão cívica dos seus dirigentes e quadros).
Regressando-se ao tópico: o pedido do resgate devia ter sido na segunda metade de 2010. O meio ano de atraso custou ao país mais "suor e lágrimas" do que teria sido necessário.
Contudo, como já detalhado, esse ónus não pode nem deve ficar só sobre o peito de Teixeira dos Santos. Que lhe fique ao peito antes, porque é justa, esta condecoração.
Também a calçadeira da Maria (Luís Onofre) e o modista da Maria (Carlos Gil) levaram um pendericalho.
ResponderEliminarTambém a Katia Guerreiro, fadista oficial e Belém e a escultora do regime Joana Vasconcelos levaram o pendericalho.
Da banalidade….