Quando vier da minha terra que é no mundo
Fotografias de Lee Jeffries
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Quando vier da minha terra que é no mundo
prá minha terra que é do coração,
usarei as minhas ferramentas
para arrasar vulcões estéreis
e conhecer os frutos que nos são negados.
Furos, nascentes, pás e picaretas,
agrónomos, hidráulicos, correcção, levadas,
estas serão as minhas ferramentas
para combater as secas prolongadas
e colher os frutos que nos são negados.
O resto, é história antiga: não interessa
senão para ilustrar a condição
que moveu os braços musculados
e aos filhos futuros nossos consentiu
colher os frutos que nos são negados.
Ruy Cinatti
Aqui vai um contributo para um tema tão lindo e fraterno.
ResponderEliminarA aldeia deve ser global
Que desejo antigo, este, mas, diga-se, tão desactualizado:
“que os filhos morram na mesma terra dos pais”.
Porque os filhos agora, nestes tempos modernos, saem de casa e do país bem cedo,
E em pouco tempo metem os dois pés em terra
que não conheceu esses mesmos pés quando pequenos.
Que as últimas palavras dos filhos sejam ditas
na língua que os pais falavam; só isso já seria bom;
que não se peça e que não se espere de mais.
Mas sim: por vezes o pai vem de um lado do mundo
e a mãe do lado oposto – de onde são os filhos
se assim for? E que língua não devem eles esquecer?
Gonçalo M. Tavares (2014:28). "Os velhos também querem viver". Caminho. Lisboa.