Populismo *
* Texto publicado hoje no Jornal do Centro
1. Quando há crises sociais mais agudas lá reaparece o populismo, à esquerda e à direita, à procura de apoio popular. Está a ter muito.
Cas Mudde, no seu livro de 2004 "The Populist Zeitgeist", define o populismo como uma ideologia que vê dois campos antagónicos e homogéneos na sociedade: a “elite corrupta” e o “povo puro”.
O populismo ignora ou finge ignorar a complexidade das sociedades contemporâneas. Acima de tudo, ele ilude o facto de, cada vez mais, os problemas já não terem soluções nacionais mas só supranacionais.
O populismo é, por definição, paroquial e nacionalista e trata sempre de construir um inimigo. Para mobilizar o seu endogrupo, o populismo precisa de diabolizar um exogrupo, seja ele o “estrangeiro”, o “imigrante”, o “preguiçoso do rendimento mínimo”, o “neoliberal”, o ...
Na Grécia, o Syriza assumiu, com sucesso eleitoral, uma campanha antigermânica que tinha que acabar, como acabou, em delírios sobre reparações de guerra e numa coligação com um partido da direita nacionalista.
2. Esta política está a contaminar até os partidos tradicionais. Entre nós, a retórica da “voz grossa” contra a “Europa” e contra o “bom-aluno” totó que aceita tudo de Bruxelas é um clássico da política portuguesa. É por aqui que anda António Costa.
Contudo, desde o resgate de 2011, o tom geral tem-se tornado mais agressivo. Mais à esquerda, suspira-se cada vez mais por alguém que “bata o pé” à “senhora” Merkel. Esta escalada populista vai ser interessante de acompanhar.
O bloco vai imitar o linguajar do Podemos batendo na corrupção da “casta” que nos governa. Não se sabe se Luís Fazenda vai deixar crescer um rabo-de-cavalo como Pablo Iglesias.
Quanto a Jerónimo de Sousa, tudo indica, vai ser ainda mais “patriótico e de esquerda”, muito mais “anti-euro” e muito mais eficaz.
Será que ele, tal como Marinho e Pinto, pode ambicionar eleger um deputado no distrito de Viseu?
1. Quando há crises sociais mais agudas lá reaparece o populismo, à esquerda e à direita, à procura de apoio popular. Está a ter muito.
Cas Mudde, no seu livro de 2004 "The Populist Zeitgeist", define o populismo como uma ideologia que vê dois campos antagónicos e homogéneos na sociedade: a “elite corrupta” e o “povo puro”.
O populismo ignora ou finge ignorar a complexidade das sociedades contemporâneas. Acima de tudo, ele ilude o facto de, cada vez mais, os problemas já não terem soluções nacionais mas só supranacionais.
O populismo é, por definição, paroquial e nacionalista e trata sempre de construir um inimigo. Para mobilizar o seu endogrupo, o populismo precisa de diabolizar um exogrupo, seja ele o “estrangeiro”, o “imigrante”, o “preguiçoso do rendimento mínimo”, o “neoliberal”, o ...
Na Grécia, o Syriza assumiu, com sucesso eleitoral, uma campanha antigermânica que tinha que acabar, como acabou, em delírios sobre reparações de guerra e numa coligação com um partido da direita nacionalista.
2. Esta política está a contaminar até os partidos tradicionais. Entre nós, a retórica da “voz grossa” contra a “Europa” e contra o “bom-aluno” totó que aceita tudo de Bruxelas é um clássico da política portuguesa. É por aqui que anda António Costa.
Contudo, desde o resgate de 2011, o tom geral tem-se tornado mais agressivo. Mais à esquerda, suspira-se cada vez mais por alguém que “bata o pé” à “senhora” Merkel. Esta escalada populista vai ser interessante de acompanhar.
O bloco vai imitar o linguajar do Podemos batendo na corrupção da “casta” que nos governa. Não se sabe se Luís Fazenda vai deixar crescer um rabo-de-cavalo como Pablo Iglesias.
Daqui (editada) |
Será que ele, tal como Marinho e Pinto, pode ambicionar eleger um deputado no distrito de Viseu?
Gostava de ter tido "peito" para comentar esta lúcida análise.
ResponderEliminarMas, já falta ânimo face ao grau zero da dignidade e do respeito.
Estão a destruir as nossas esperanças e energias.
O pior é a vida e a impotência da acção de quem continua a acreditar num mundo melhor.
Abraço,sr Gato.
Abraço, JB!
EliminarE obrigado.