«Procuro a pobreza na linguagem» — o último filme do Godard no Cine Clube de Viseu esta terça-feira
«Procuro a pobreza na linguagem» — diz uma personagem do último filme de Jean-Luc Godard que o Cine Clube de Viseu exibe, nesta terça-feira, no IPDJ da cidade.
"Adeus à Linguagem" é uma "experiência visual" que recebeu o prémio do júri do Festival de Cannes, em 2014, "ex-aequo" com "Mamã", de Xavier Dolan.
Não vi o filme, mas pelo trailer...
... dá para perceber que ele não tem a radicalidade de A Máscara, de Ingmar Bergman, em que a protagonista consuma literalmente o adeus à linguagem, recusando-se a falar.
Ver Jean-Luc Godard é sempre um desafio.
Listo os quatro factores que mais causam erosão à linguagem enunciados por George Steiner, e que vou procurar no filme de Godard:
1 — Dada: "no interior da própria literatura apareceu um movimento anti-linguagem";
2 — Lógica formal de Wittgenstein e positivismo lógico: "a confiança no meio através do qual se comunica (...) torna-se-nos simplesmente inacessível";
3 — Expansão da matemática e ciências exactas: "diminuiu o campo para a linguagem descrever o real, os 'factos naturais'";
4 — Distorção das palavras: "pelos meios de comunicação de massas e pelas mentiras da barbárie política moderna.
Esta brutalização e profanação da palavra é muito provavelmente uma das principais causas da vaga de autodestruição (...) "
«Na minha boca, as palavras morreram», diz Ionesco.
Não vi o filme, mas pelo trailer...
... dá para perceber que ele não tem a radicalidade de A Máscara, de Ingmar Bergman, em que a protagonista consuma literalmente o adeus à linguagem, recusando-se a falar.
Ver Jean-Luc Godard é sempre um desafio.
Listo os quatro factores que mais causam erosão à linguagem enunciados por George Steiner, e que vou procurar no filme de Godard:
1 — Dada: "no interior da própria literatura apareceu um movimento anti-linguagem";
2 — Lógica formal de Wittgenstein e positivismo lógico: "a confiança no meio através do qual se comunica (...) torna-se-nos simplesmente inacessível";
3 — Expansão da matemática e ciências exactas: "diminuiu o campo para a linguagem descrever o real, os 'factos naturais'";
4 — Distorção das palavras: "pelos meios de comunicação de massas e pelas mentiras da barbárie política moderna.
Esta brutalização e profanação da palavra é muito provavelmente uma das principais causas da vaga de autodestruição (...) "
«Na minha boca, as palavras morreram», diz Ionesco.
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