Vetocracia*
* Texto publicado hoje no Jornal do Centro
1. Mário Soares não gostava nada que o chamassem “pai da democracia” e, quando tal ouvia, respondia com a velha tirada de Vasco Santana: “vai chamar pai a outro!”
A verdade é que a nossa democracia, mesmo não sendo irmã de Isabel e João Soares, deve ao pai deles duas coisas inestimáveis: a liberdade e a “Europa”.
Ambas a precisarem de um novo Mário Soares que as defenda. A liberdade é posta em causa todos os dias por um estado pan-óptico que quer saber tudo da nossa vida e que mantém uma justiça disfuncional e um fisco fascista. Já a “Europa” está a ser atacada duramente pelos populismos patrioteiros, entre nós por enquanto mais de esquerda do que de direita.
O último trabalho político que fiz foi na campanha de Mário Soares, nas presidenciais de 2006. Relembro o que escrevi aqui na altura em resposta aos estupores que tanto se alegraram com aquela amarga derrota do velho leão: “só há três nomes que vão ficar na história da república portuguesa: Afonso Costa, Oliveira Salazar e Mário Soares.”
2. Conforme notou Francis Fukuyama, o sistema político dos Estados Unidos da América evoluiu para uma vetocracia: os vários contra-pesos constitucionais “metastizaram-se” e bloqueiam o governo.
Esta “paralisia” de Washington, durante os oito anos de Obama, foi-se tornando cada vez mais evidente. Dois exemplos: apesar de todos os esforços de Barack, o offshore judicial de Guantánamo continua operacional e a venda de armas continua na mesma.
Agora, com Trump, é de esperar que o Congresso e o Senado continuem a fazer valer a sua força vetocrática. A vitória do milionário foi humilhante para os hierarcas do partido republicano. É expectável que estes, agora, não facilitem a vida ao novo inquilino da Casa Branca.
3. Aos 22 anos, Nuno Bico acaba de entrar na Movistar, a melhor equipa ciclista do mundo. Além de atleta de eleição, o jovem viseense, na excelente entrevista que deu a este jornal, mostrou ter uma cabeça bem arrumada.
1. Mário Soares não gostava nada que o chamassem “pai da democracia” e, quando tal ouvia, respondia com a velha tirada de Vasco Santana: “vai chamar pai a outro!”
A verdade é que a nossa democracia, mesmo não sendo irmã de Isabel e João Soares, deve ao pai deles duas coisas inestimáveis: a liberdade e a “Europa”.
Ambas a precisarem de um novo Mário Soares que as defenda. A liberdade é posta em causa todos os dias por um estado pan-óptico que quer saber tudo da nossa vida e que mantém uma justiça disfuncional e um fisco fascista. Já a “Europa” está a ser atacada duramente pelos populismos patrioteiros, entre nós por enquanto mais de esquerda do que de direita.
O último trabalho político que fiz foi na campanha de Mário Soares, nas presidenciais de 2006. Relembro o que escrevi aqui na altura em resposta aos estupores que tanto se alegraram com aquela amarga derrota do velho leão: “só há três nomes que vão ficar na história da república portuguesa: Afonso Costa, Oliveira Salazar e Mário Soares.”
2. Conforme notou Francis Fukuyama, o sistema político dos Estados Unidos da América evoluiu para uma vetocracia: os vários contra-pesos constitucionais “metastizaram-se” e bloqueiam o governo.
Esta “paralisia” de Washington, durante os oito anos de Obama, foi-se tornando cada vez mais evidente. Dois exemplos: apesar de todos os esforços de Barack, o offshore judicial de Guantánamo continua operacional e a venda de armas continua na mesma.
Agora, com Trump, é de esperar que o Congresso e o Senado continuem a fazer valer a sua força vetocrática. A vitória do milionário foi humilhante para os hierarcas do partido republicano. É expectável que estes, agora, não facilitem a vida ao novo inquilino da Casa Branca.
3. Aos 22 anos, Nuno Bico acaba de entrar na Movistar, a melhor equipa ciclista do mundo. Além de atleta de eleição, o jovem viseense, na excelente entrevista que deu a este jornal, mostrou ter uma cabeça bem arrumada.
Força, Nuno Bico! |
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