Direitos de autor*
* Texto publicado no Jornal do Centro há exactamente quatro anos, em 22 de Maio de 2009
1. Alegre decidiu ficar no PS, o que é bom para Sócrates mas ainda melhor para Louçã. Um partido alegrista fazia muito mais estragos eleitorais ao Bloco que ao PS.
Foi importante Manuel Alegre ter lutado contra o autoritarismo e a insensatez marilurdista na educação. Teve a coragem que faltou ao rebanho de deputados do PS que também são professores.
2. Bob Geldof, em 12 de Maio, entrou em vídeo numa conferência de imprensa em Portugal. Foi uma incursão na política portuguesa que pode ser vista em www.gdaie.pt.
Em causa está o seguinte: o parlamento europeu aprovou a extensão dos direitos de autor das gravações sonoras de 50 para 70 anos (nos Estados Unidos a protecção é de 95 anos). Essa directiva precisa de ser ainda aprovada no conselho da UE e o ministro da cultura português era um dos seis a bloqueá-la.
Nesse notável vídeo, Bob Geldof lembra que falar da arte ou falar da alma de um país é a mesma coisa.
Por isso, o músico irlandês termina o vídeo a “bombardear” o ministro José António Pinto Ribeiro: “Portugal precisa de apoiar os seus artistas, precisa de apoiar a sua cultura e, se não o fizer, deve livrar-se do seu ministro da cultura.”
Não vai ser preciso. Cinco dias depois deste “raide irlandês”, o ministro mudou de ideias e Portugal, agora, já aceita o novo limite dos 70 anos.
3. Ouvi esta história numa entrevista a Miriam Gómez, viúva do premiado escritor cubano Guillermo Cabrera Infante.
A ditadura castrista perseguiu o mais que pôde o autor de “Três Tristes Tigres” mas declarou-o “património nacional de Cuba”.
Esse cinismo serviu para o poder cubano publicar sem autorização toda a sua obra e, ainda por cima, não pagar direitos de autor.
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