tag:blogger.com,1999:blog-6150660530538798740.post2742999752848712478..comments2024-01-01T19:07:40.967+00:00Comments on Olho de Gato: Barbara HanniganJoaquim Alexandre Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/04497325384148578187noreply@blogger.comBlogger1125tag:blogger.com,1999:blog-6150660530538798740.post-26711432504731941242018-05-14T09:11:37.873+01:002018-05-14T09:11:37.873+01:00Bom dia e boa semana.
Da Séria - “No tempo em qu...Bom dia e boa semana. <br /><br />Da Séria - “No tempo em que” havia músicos a fazer intervenção política.<br />Hoje: José Afonso – “A morte saiu à rua” - “à lei assassina à morte que te matou”.<br /><br />José Afonso é com Jaques Brel e Leo Ferré o meu trio de eleição dos cantores de intervenção (o que quer que esse jargão redutor signifique). Poderia juntar José Mário Branco…!<br /><br />Zeca Afonso teve “galo” em ter nascido em Portugal, um país em “inho” como disse o grande O´Neil, pois merecia outros horizontes. José Afonso É o grande mestre da música popular portuguesa e cada uma das suas cantigas foi concebida deliberadamente à revelia da ideologia dominante e contra ela. Na realidade, porém, as canções de conteúdo expressamente político são até minoritárias no conjunto da sua obra. Razão do tempo é o facto da marginalização musical a que está vetado nas rádios se traduzir no ser o autor mais cantado por todas as gerações e diferentes escolas de músicos.<br /><br />Um genial autor e intérprete de canções, cidadão exemplar e incansável lutador pela liberdade e pela justiça no contexto da ditadura salazarista, mas também no-pós 25 de Abril.<br /><br />“A MORTE SAIU À RUA” – refere-se ao assassinato do pintor José Dias Coelho (tinha 38 anos) em 19 de Dezembro de 1961, morto a tiro pela PIDE numa rua de Alcântara em Lisboa, mas simboliza todas as mortes e torturados pela PIDE na época sombria de 40 anos. <br /><br />“Uma gota rubra sobre a calçada cai <br />E um rio de sangue dum peito aberto sai”<br /><br />José Dias Coelho entra, em 1955, na clandestinidade como funcionário do Partido Comunista Português, sabendo que a tarefa que lhe está designada é montar uma oficina de falsificação de documentos, bilhetes de identidade, licenças de bicicleta, cartas de condução, passaportes, etc., para defesa dos militantes clandestinos no trabalho de organização e nas relações internacionais do Partido. <br />O militante foi um obreiro da unidade antifascista dos intelectuais da sua capacidade de desenvolver os largos consensos que elas implicavam, em grande parte facilitados pelo prestígio, a simpatia e o respeito pelas suas convicções, que muitos artistas e intelectuais, alguns bastante mais velhos, por ele sentiam.<br /><br />A canção denota uma sonoridade perfeita, onde cada palavra tem um vincado significado, como “a foice de uma ceifeira de Portugal” ou “e o som da bigorna como um clarim do céu”, o que é uma imagem lírica simplesmente espectacular!<br /><br />José Afonso – “A morte saiu à rua”<br />https://youtu.be/P3SPkq3hw-c<br /><br /><br />A morte saiu à rua num dia assim <br />Naquele lugar sem nome pra qualquer fim<br />Uma gota rubra sobre a calçada cai <br />E um rio de sangue dum peito aberto sai <br /><br />O vento que dá nas canas do canavial<br />E a foice duma ceifeira de Portugal<br />E o som da bigorna como um clarim do céu<br />Vão dizendo em toda a parte o pintor morreu <br /><br />Teu sangue, Pintor, reclama outra morte igual<br />Só olho por olho e dente por dente vale<br />À lei assassina à morte que te matou<br />Teu corpo pertence à terra que te abraçou <br /><br />Aqui te afirmamos dente por dente assim<br />Que um dia rirá melhor quem rirá por fim<br />Na curva da estrada há covas feitas no chão<br />E em todas florirão rosas duma nação<br />JBnoreply@blogger.com