Consanguinidade*

* Hoje no Jornal do Cemtro


1. Onde pára a lista dos grandes devedores da CGD? Para quem foram as centenas de milhões de euros que a caixa emprestou sem juros?

Infelizmente, a comissão parlamentar de inquérito à CGD foi sabotada pela geringonça e não serviu para se saber nada. Os deputados fizeram o triste papel de múmias paralíticas.

Neste ano, cada português entrou com 250 euros para o resgate do banco do estado. E, como não chegou para tapar o buraco, para o ano que vem logo se há-de ver. Não há ninguém preso. Nem vai haver.

2. Pedro Santana Lopes, antes do seu mergulho no rio laranja, ainda teve tempo para avançar no dossier da entrada da santa casa da misericórdia de Lisboa no capital do Montepio. Já há números: vão ser duzentos milhões de euros de dinheiro dos pobres por 10% do Montepio. As máquinas de calcular do menino guerreiro e do governo acham que aquela banqueta vale 2 mil milhões. Compare-se com o valor em bolsa do BPI: 1,65 mil milhões.

No governo, o pé de Centeno e o pé de Vieira da Silva vão carregando, à vez, no acelerador desta operação “raríssima”. Ninguém põe travão nisto?

3. A economia social já representa mais de 6% do emprego do país. Em muitos concelhos do interior é quase o único canal para obter um trabalho pago.

Há aqui um poder imenso que precisa de ser escrutinado. Foi o que fez este jornal, na última edição, ao descrever as recentes mordomias do provedor da misericórdia de Resende. Foi o que fez a TVI ao descrever as incursões da ex-presidente da Raríssimas ao El Corte Inglés.




4. Ficou a saber-se, naquela reportagem de Ana Leal, que o ministro Vieira da Silva, além de ter uma filha a secretária de estado, tem a mulher a deputada.

Pois é: o familismo que vai em crescendo no PS-Viseu não é uma originalidade local.

Uma coisa é certa: o PS, que se diz republicano, ou contraria esta dinâmica ou corre severos riscos de consanguinidade. E esta, como se sabe, costuma avariar os genes.

Comentários

  1. Tema da crónica é assunto delicado.

    Num primeiro plano posso perguntar: mas começa a ser ilegal, perigoso, contranatura ter irmãos? Ter irmãos na política?

    Mas, depois de levantar a pedra, verificamos que a política portuguesa afunilou!
    Hoje é a Raríssimas, mas podia ser o PS Viseu, o PS da família Almeida Santos, Zorrinho, Vieira da Silva, César e….

    O PS entupiu! Óbvio!
    O PS dos interesses nunca se desinstalou.
    Paira um ar de compadrio, generalizado!

    E ninguém pergunta quantos familiares há nos assessores do BE no Parlamento?
    E alguém me explica o esquema, no Parlamento,de assessores/funcionários do partido PC?
    E que dizer de um ex chefe de gabinete do secretário geral do PS, que era dado como assessor do Parlamento, pago pelo Parlamento, mas a trabalhar para um partido?
    Mas, todos aprendem, e depressa, ou não leram o caso do PAN/Cascais?

    Só para recordar:
    https://www.publico.pt/2012/12/24/jornal/lei-poe-parlamento-a-pagar-funcionarios-dos-partidos-na-ar-25803349

    https://www.publico.pt/2012/12/24/jornal/trabalhar-para-os-deputados-e-para-o-partido-mesmo-com-gabinetes-fora-do-parlamento-25803372

    SÃO JOSÉ ALMEIDA - 24 de Dezembro de 2012

    Raríssimo será as pessoas não olharem de soslaio para vós!
    E escrevo isto com descontentamento republicano.
    Pins, pah!

    PS: e a Santa Casa num banco, é de loucos!
    E o Banco de Portugal está calado?

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