Sofás compridos

Fotografia de Norman Parkinson



como lobos em período de seca
crescemos por toda a parte
amamos a chuva
amamos o outono
um dia até pensamos
em enviar uma carta de agradecimento ao céu
com uma folha de outono como selo de correio
acreditávamos que as montanhas desapareceriam
os mares se dissipariam
apenas o amor seria eterno
de súbito separamo-nos
ela gostava de sofás compridos
e eu de longos navios
ela gostava de sussurrar e suspirar nos cafés
eu gostava de saltar e gritar nas ruas
e, apesar de tudo,
os meus braços vastos como o universo
estão à espera dela
Muhammad al-Maghut
Tradução Adalberto Alves


Comentários

  1. Sofás compridos
    ou ao comprido ficaram alguns comentários (meus, por exemplo…) e outros candidatos.
    Como princípio declaremos:
    Glória aos vencedores e Honra aos vencidos!

    A viagem das eleições pode levar-nos ao encontro de surpresas.

    No PPD, o semeado estava pronto para a ceifa. Estamos em tempo de colheita.

    No PS, ou a grande admiração ao ter mantido o resultado das últimas eleições. Continua com três vereadores, e Lúcia até se pode dar ao luxo de reivindicar que destronou José Junqueiro e assumir o estatuto de líder concelhia, no mínimo! Há dias em que temos que reconhecer que tivemos sorte. Oh, suprema ironia!

    Do CDS, fica a certeza que mais vale usar Chanel original…

    No BE, sobe a votação para a Câmara, mantêm o lugar na Assembleia Municipal e ganha lugares em Assembleias de freguesia. Que pedir mais? Há dias assim, em que temos que agradecer.

    Para a CDU, fica a desilusão. Uma boa candidata não faz um bom resultado. Manteve o lugar na Assembleia Municipal e teve o consolo de ver Francisco Almeida entrar na Assembleia da União de freguesias de Viseu. Certamente que Filomena irá subir na estrutura do PCP.

    Para o PAN, ou como mil cidadãos escolheram “ser felizes”. Ponto!

    Como balanço, fica a esperança que em breve se viva de novo a ideologia, que nos trará caminhos de criatividade e inteligência que hão-de apontar as soluções no caminho do verdadeiro progresso. Pelo menos, até que se volte a matar a ideologia...

    Para o fim, a (infeliz) frase da noite:
    “Os maus resultados comunistas foram ao fim da noite assumidos pelo secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, que no seu discurso afirmou: "Não podendo a leitura do resultado da CDU ser confinada ao do número de maiorias absolutas, a perda de presidências de câmaras municipais - que pode atingir nove ou dez - é, sobretudo, uma perda para as populações, que não demorarão a perceber o quanto errada foi a sua opção". DN on line

    Nesta frase reside a minha divergência com o PCP, ou seja os antípodas na interpretação da palavra LIBERDADE. Seja na escolha do eleitorado, seja na livre expressão ou no que desejarem.
    Respeitar o seu passado, a sua luta hoje ou reconhecer o mérito dos seus candidatos, não significa esquecer a “linha na areia” – expressão de Álvaro Cunhal – que nos divide.

    O meu azimute são sempre as palavras de José Afonso: ”Gosto muito de ser o meu comité central”. Prezo muito esse sentimento de Liberdade de fazer o que me der na real gana.

    Ao escrever este texto pensei nesta música/poema

    Tribalistas – “Tribalista”
    https://youtu.be/ajKF_BmY_6c

    Os tribalistas já não querem ter razão
    Não querem ter certeza
    Não querem ter juízo nem religião

    Os tribalistas já não entram em questão
    Não entram em doutrina, em fofoca ou discussão

    O tribalismo é um anti movimento
    Que vai se desintegrar no próximo momento
    O tribalismo pode ser e deve ser o que você quiser

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