Califado

* Publicado hoje no Jornal do Centro


1. Na passada terça-feira, foi dada como “informação confirmada” a morte do líder do Daesh, Abu Baqr al-Baghdadi.

Nascido em 1971, al-Baghdadi dizia-se descendente directo de Maomé. Como conta Loretta Napoleoni no seu livro “A Fénix Islâmica, o Estado Islâmico e a Reconfiguração do Médio Oriente”, o Estado Islâmico quando se auto-proclamou califado, em 2014, ocupava uma área maior do que a do Reino Unido e era uma bem sucedida encarnação do radicalismo sunita, de aparência medieval mas que usava com mestria as ferramentas da globalização e as modernas tecnologias.

Apesar de nunca ter atingido os níveis de riqueza da OLP, o Estado Islâmico no seu apogeu angariava dois milhões de dólares por dia na venda de petróleo, a que se somavam taxas a empresas, rendas obtidas pelo controlo de barragens, vendas de armas e contrabando variado (essencialmente para a Turquia e o Iraque). Foi descoberto por acaso um “relatório e contas anual” do Daesh, um documento meticuloso que chegava ao registo em “pormenor do custo de cada missão suicida”, elaborado “de acordo com as mais sofisticadas técnicas de contabilidade”. Ao fim e ao cabo, al-Bagdhadi dirigia uma multinacional terrorista com a pragmática de “uma multinacional pujante e legítima.”

Para já, duas ideias para estes dias que parecem ser do fim do Daesh:
— o califado - enquanto nostalgia e mitificação do Estado Islâmico original do século VII - vai ressurgir com outra pele qualquer;
— o sectarismo que impede a paz e a coexistência étnica e religiosa no Médio Oriente já tem um próximo episódio anunciado para 25 de Setembro, se o líder curdo Masoud Barzan teimar com a ideia de fazer um referendo independentista naquele dia.

2. Esta coluna saúda a eleição do novo presidente do Instituto Politécnico de Viseu.


João Luís Monney Paiva vai ter agora que normalizar as relações do IPV com as câmaras de Viseu e Lamego, relações que foram afectadas durante este longo processo eleitoral.

Comentários

  1. “O crime de pensar não implica a morte. O crime de pensar é a própria morte.”
    George Orwell

    Neste texto, fala-se da Liberdade de Pensar no global e no local.
    Esta sexta-feira comemora-se o Dia Nacional da França e o Dia da Liberdade de Pensamento.
    Mas, a LIBERDADE de PENSAR LIVRE continua a ser negada.
    Ontem, morreu o escritor chinês Liu Xiaobo, vencedor do Prémio Nobel da Paz em 2010, e defensor dos direitos humanos. Tinha 61 anos e era um preso político no seu país.

    https://www.publico.pt/2017/07/14/mundo/noticia/china-rejeita-criticas-internacionais-sobre-a-morte-de-liu-xiaobo-1779080

    https://www.publico.pt/2017/07/13/mundo/noticia/morreu-o-dissidente-chines-liu-xiaobo-1778967

    "Carta 08" (a reforma democrática da China, pelos intelectuais e democratas chineses) – texto disponível no Google

    Que não nos doa a voz:
    https://youtu.be/HM-E2H1ChJM
    Casablanca - “La Marseillaise”



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