2017*

* Texto publicado hoje no Jornal do Centro


1. Ao começar o ano, esta coluna reafirma-se adepta e praticante do método de Norberto Bobbio: devemos escolher uma parte , depois dessa escolha feita, há que exercer o juízo crítico com severidade, especialmente com a nossa parte.

2. Lá mais para o Outono, vamos ter eleições legislativas na Alemanha e autárquicas em Portugal.

Nas primeiras, joga-se o destino da “Europa” e esta coluna “vota” na decência de Angela Merkel, a única política europeia que merece respeito, como se tem visto na crise dos refugiados.

As autárquicas, que o loquaz Marcelo já colocou em Outubro, não têm nada de estrutural, mas, naturalmente, vão ser tratadas aqui ao longo do ano.

3. A última edição deste jornal informou-nos que já há dois pré-candidatos a candidato socialista à câmara de Viseu: Lúcia Silva e João Cruz. Criaturas de aparelho — ela ainda sem um lugarzito de nomeação —, nenhum dos dois tem sequer meia ideia política sobre a cidade e o concelho.

Se o PS-Viseu não arranjar melhor, fica aberta uma “janela de oportunidade”, como se costuma dizer em politiquês, para o bloco de esquerda, com um candidato mobilizador, tentar estrear-se na vereação.


Jorge Sobrado
Fotografia daqui
4. Jorge Sobrado, o omnipresente adjunto de António Almeida Henriques, tem sido posto por este a fazer tudo, até o trabalho que devia ser dos vereadores. E Sobrado começa a não chegar para as encomendas: a segunda edição da Street Art não teve nem metade do brilho da primeira; a sua última intervenção no Teatro Viriato foi um desastre ao defender um nome que acabou por recusar ser directora artística.

Para piorar as coisas, mal Paula Garcia assumiu a direcção do Viriato, logo veio o mal aconselhado presidente da câmara fragilizá-la.

Oxalá este tiro no pé não venha a pôr em causa a continuação do apoio do ministério da cultura ao teatro municipal. Apoio muito invejado por esse país fora que foi conseguido, em 1998, por Fernando Ruas e Paulo Ribeiro e que vai estar em reavaliação pelo actual governo.

Comentários

  1. "É impossível discutir seja o que for. Se se tem razão ou não tem. É totalmente indiferente. Ou se aceitam as regras do jogo ou se muda de vida e de lugar." (Jorge de Sena)

    Não vou falar da política partidária ou de como um partido quer ganhar ao outro, ter poder, mandar. Aqui, interessa-me a política enquanto questão eminentemente humana, a política no que ela tem de mais humano. O arrastar da ausência (estrutural) de um projecto político de conhecimento, em Viseu. E aqui um “pouco de banalidade leninista”: nunca resolveremos um problema se não o estudarmos e conhecermos.

    No PS/Viseu continua a velha e óbvia ordem pré-estabelecida. Neste contexto, discutir a razão é inútil. A cada momento tropeçamos nesta inutilidade. A velha ordem política, o politicamente correcto, as velhas e novas ideias preconcebidas, tudo assenta numa estrutura que não se discute. As regras de um jogo não se discutem. Existem para isso mesmo. Rompê-las obriga a um desgastante e infrutífero esforço. As pessoas acabam por optar estar de fora. Ainda assim, admiro os que continuam a pugnar por uma mudança das regras do jogo, embora inutilmente, como mostra a sucessão de actos políticos falhados. Este é um texto de desânimo que se enquadra no quadro de pensamento político local e que assumo como um desinvestimento expressivo, gradual e que terminou no abandono da militância, da participação cívica e na construção de uma alternativa de dimensão organizativa.

    O PS/Viseu não tem, hoje, qualquer capacidade de mobilização própria fora de eleições, não agrega por mérito os sectores mais dinâmicos da sociedade, não produz ideias, nem políticas novas, está nas reuniões camarárias à espera da (hipotética) mudança do ciclo político e mesmo assim sem eficácia visível, apenas (violentamente) abstencionista…

    Não apoio nenhum dos nomes que se falam, o que não me impede de participar no debate eleitoral como entender e com a liberdade que entender. Eu nunca deixei de ser “um socialista esquerdista”, as artroses é que já me limitam muito os movimentos… “Quem fala que não se interessa por política está deixando de se interessar por sua própria vida” - MONICA IOZZI

    Então, até breve!


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