Cuba*

* Texto publicado há exactamente dez anos, em 9 de Junho de 2006


1. Recebi um e-mail da Embaixada de Cuba em Portugal a discordar do Olho de Gato de 28 de Abril, intitulado “Havana Blues”. Penso que foram as palavras finais daquela crónica que mais incomodaram a Embaixada de Cuba. Recordo-as: “É um dilema dali, de Cuba, daquela gente, daquele país congelado, à espera que a biologia cumpra o seu papel e Fidel Castro saia de cena. De vez.”

Agradeço a atenção com que Mercedes Martínez Valdês, Conselheira da Embaixada de Cuba, leu aquele Olho de Gato. Ela aponta o bloqueio americano como o causador dos males que sofre Cuba. O bloqueio americano é, de facto, um erro que causa grande sofrimento ao povo cubano. Penso que, se os americanos tivesse mudado de política quando terminou a Guerra Fria, Cuba já seria uma democracia.

Assim, a má sorte dos cubanos é dupla: dum lado, sofrem o bloqueio americano; do outro, vêem eternizar-se o regime castrista, muito para além do seu prazo de validade. É que Fidel é exímio a aproveitar todo o “capital de queixa” que os cubanos têm dos “gringos”.

2. António Costa Pinto escreveu no Diário de Notícias, de 27 de Maio: “(…) nesta constante luta dos chefes políticos para se manterem no poder, levando muitos regimes do século XX aos absurdos reais do século XVIII, como nos casos de Estaline, Mao ou Franco, morrendo ingloriamente no cargo por entre criados incapazes de os afastar a tempo.” Nas democracias os líderes são substituídos, sem problemas, pelo voto e por dispositivos de limitação de mandatos enquanto que nalgumas ditaduras, como na Coreia do Norte, o poder chega a passar até de pai para filho.


Fotografia de Javier Galeano/AP (daqui)

Em Cuba, quem está na linha de sucessão a Fidel é o seu irmão, Raúl. Quantos anos mais vai este país maravilhoso continuar congelado?

3. Esta coluna reivindica a criação do “Dia do Gato”.

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