The heart is a lonely hunter

Fotografia Olho de Gato


Arqueja-me o dilúculo no ventrículo
esquerdo da alma
quando te avisto a descer, meditabunda,
a avenida da minha liberdade de expressão.

Conto-te os passos em ordem minguante,
desde a esquina da mais cruel alucinação
e as rãs rezam, em voz baixa,
o hino nacional.

Reconheço-te a sinalização temporária dos sorrisos,
mas pressinto a derrogação tácita
das listas de espera,
enquanto um relógio de pedra imita as faces do poente.

Desfraldo a fresta da nossa gesta
e vejo uma placa a pendular ao alísio.
Vai e vem, vem e vai, como o badalejo
de um sino de vaca.

Um badalejo de bronze. A tresandar a queijo e a azedão.
Viro-a ao contrário,

de modo a dispor as letras de frente para mim.
Estas, grandes, gordas, inchadas, incorporam, na sua opulência,
a pergunta QUERES SENTIR-ME DENTRO DE Tl?
Golgona Anghel

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