visita-me enquanto não envelheço

Lunia Czechowska in Black (1919)
Amedeo Clemente Modigliani


visita-me enquanto não envelheço
toma estas palavras cheias de medo e surpreende-me
com teu rosto de Modigliani suicidado

tenho uma varanda ampla cheia de malvas
e o marulhar das noites povoadas de peixes voadores

ver-me antes que a bruma contamine os alicerces
as pedras nacaradas deste vulcão a lava do desejo
subindo à boca sulfurosa dos espelhos

antes que desperte em mim o grito
dalguma terna Jeanne Hébuterne a paixão
derrama-se quando tua ausência se prende às veias
prontas a esvaziarem-se do rubro ouro

perco-te no sono das marítimas paisagens
estas feridas de barro e quartzo
os olhos escancarados para a infindável água

com teu sabor de açúcar queimado em redor da noite
sonhar perto do coração que não sabe como tocar-te
Al Berto

Comentários

  1. “What A Terrible World, What A Beautiful World’

    Confuso tenho andado....
    Com noticias e contra informação florescente e abundante sobre a Grécia , os gregos, os sem gravata, uns madraços....
    Com o nosso Passos (que verticalidade, senhores!); com o Costa NIm; com os que querem muito ser Presidentes; com estes deputados do PSD que um dia são pró adopção homoparental e depois já não "dá votos"; com um Presidente que não existe (ajudem o senhor a terminar com dignidade) e os que debitam, debitam na tv...

    Confuso...e por isso também peço que "me visitem antes que envelheça"!

    E já agora, uma "pequena nota!: aqui fica uma homenagem a Moaz al-Kasasbeh que os “somos todos qualquer coisa” se esqueceram de fazer.

    Só me lembro daquela foto do Fernando Assis Pacheco a fazer um manguito a estes hipócritas TODOS!!

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  2. ADENDA:

    E ainda somos todos Raif Badawi?

    Quantos (e quais) países condenaram oficialmente a Arábia Saudita pelo atentado à liberdade de expressão?
    Ficamos esclarecidos!

    Sai um MANGUITO do Assis Pacheco, para a mesa do canto….

    ACONSELHO-VOS O AMOR

    “Aconselho-vos o amor:
    o equilíbrio dos contrários.
    Aconselho-vos o amor
    cheio de força; os moinhos
    girando ao vento desbridado.
    Aconselho-vos a liberdade
    do amor (que logo passa
    — vão dizer-vos que não —
    para os gestos diários).
    ACONSELHO-VOS A LUTA."

    De "Cuidar dos Vivos" (1963), incluído em "A Musa Irregular" (1991), de Fernando Assis Pacheco

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