Um grande sarilho*

* Texto publicado no Jornal do Centro há exactamente quatro anos, em 19 de Março de 2010

1. Em 18 de Dezembro, escrevi aqui que o pior que a esquerda poderia fazer era ir com um candidato único às presidenciais.

Passaram três meses e houve evolução: (i) Cavaco Silva recuperou alguma da força perdida com o episódio das escutas; (ii) Alegre avançou de braço dado com Louçã; (iii) Jerónimo de Sousa avisou que o PCP vai ter candidato próprio; (iv) Fernando Nobre anunciou uma candidatura independente.

Os discursos de lançamento de Manuel Alegre em Portimão e em Coimbra foram pífios e fracos. Manuel Alegre é uma “voz em alvo” sem nada dentro. Já se percebeu que ele engole os sapos todos que forem precisos para fazer uma descida da Avenida da Liberdade com Louçã à sua esquerda e Sócrates à sua direita. Louçã e Sócrates lado a lado. Mais um sarilho em cima deste grande sarilho em que estamos metidos.

Caro Jaime Gama, vai deixar Cavaco Silva fazer um passeio tão fácil nas próximas presidenciais?

Inês de Medeiros — PS
(imagem daqui)
2. As previsões macroeconómicas do programa de estabilidade e crescimento dizem-nos que, até 2013, vamos ter um crescimento que nos vai permitir alcançar o nível de riqueza de… 2008.

Entretanto, até 2013, mais 300 mil portugueses vão emigrar.

Estamos metidos num grande sarilho.

3. Há uma deputada, eleita pelo círculo de Lisboa, que quer que o parlamento lhe pague os fins-de-semana em Paris, a 1700 quilómetros dos seus eleitores. 

Ela sabe que os deputados não precisam de agradar aos seus eleitores. Ela sabe que os deputados só precisam de agradar a quem os põe na lista.

Estamos metidos num grande sarilho.

4. «Rouba-se muito. O país não tem dimensão para se roubar tanto.» - disse, preto-no-branco, Pedro Ferraz da Costa ao Expresso (15.8.2009).

Estamos metidos num grande sarilho.
Desde 1143.

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