Nariz vermelho*

* Texto publicado no Jornal do Centro há exactamente quatro anos, em 26 de Fevereiro de 2010

1. O governo anuncia nas Grandes Opções do Plano um organismo centralizado no Ministério das Finanças para “desenvolver, consolidar e aperfeiçoar” as PPP.

Já acrescentei aqui uma vez dois pês a estas parcerias. Fica um nome muito mais apropriado se lhes chamarmos PPPPP - Parcerias Prejuízos Públicos Proveitos Privados.

Na negociação de uma PPP, de um lado está o interesse público e do outro o interesse privado. Ora, há gente que negoceia do lado público e depois passa, alegremente, para o outro lado. Aconteceu no passado e vai acontecer no futuro. Por sua vez, quem redige estes contratos são os grandes escritórios de advogados da capital cujos sócios rodopiam da política para os negócios e dos negócios para a política, num carrossel despudorado.

As nossas elites não correm riscos nem produzem riqueza. Vivem anichadas no estado e estão a esgotá-lo como se não houvesse amanhã. Preparam-se para hipotecar o futuro dos nossos filhos e dos nossos netos. Até 2017, estão previstos mais 51 mil milhões de euros em PPPs.

2. Em 9 de Fevereiro de 2009, pus a José Sócrates – olhos nos olhos - o problema das portagens na A24 e na A25 e propus-lhe a criação do “Selo das SCUTs” em vez do intrusivo chip das matrículas obrigatório.

Infelizmente, a seguir, em nenhuma das três eleições de 2009 se falou mais no assunto. Em Viseu, toda a gente assobiou para o ar.
Agora, como explicou a jornalista Liliana Garcia na última edição do Sol, vêm aí as portagens.


Vamos ver gente eleita por nós a vir falar-nos, com voz delicodoce, na “generosidade” dos 20 quilómetros de borla que vão ser “dados” aos residentes.

Antes de virem dizer isso, senhores políticos, metam um nariz vermelho muito grande no meio da cara.

E devolvam-nos o IP5.


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