Rádios locais *


* Texto publicado hoje no Jornal do Centro


     Fez ontem um ano, foi em 29 de Novembro de 2011 que foi silenciada a rádio Noar. Uma rádio que, convém lembrar, dava lucro. No 106.4 está agora uma emissão ligada à Renascença.
     Como foi possível atribuir um alvará de rádio local a uma rádio nacional?!
     Recordemos o que aconteceu: as rádios locais, desde o início da sua existência em 1989, estavam obrigadas por lei a terem programação própria. Essa obrigatoriedade mantinha afastados os tubarões já que tornava as cadeias de rádios impossíveis. Durante 21 anos os tubarões pressionaram em vão os governos para que a lei fosse mudada nesse ponto. 
     Quem acabou por ceder aos seus apetites foi uma criatura chamada Jorge Lacão, em 2010, no segundo governo Sócrates.
     Um ministro inadjectivável, mais a “distracção” dos deputados no parlamento, mais a falta de comparência da gente de dinheiro da cidade, tudo somado levou à morte da rádio de notícias de Viseu – uma rádio isenta, que ouvia e dava voz a todos, um cimento da nossa comunidade.
     Num artigo recente no Diário de Viseu, José Junqueiro — o provável próximo candidato do PS à presidência da câmara de Viseu - lamentou o panorama radiofónico da cidade e logo a seguir, numa espécie de compensação psicológica, assinalou a boa forma das rádios de Tondela, Sátão, Mangualde, Vila Nova de Paiva, Vouzela, S. Pedro do Sul e Lamego.
     Ora, isso é bom. Mas o problema é que, quanto melhor estiverem essas rádios, mais em risco estão. Nada na lei impede que elas, que tão bom serviço prestam aos seus concelhos, sejam compradas.
     Apelo aqui aos nove deputados eleitos pelos viseenses: é preciso evitar este perigo, há que propor uma alteração da lei da rádio que imponha de novo pelo menos oito horas de programação local a todos os alvarás locais. Ao fim e ao cabo, há que reverter a bacorada feita pelo Lacão. Ontem já era tarde.

Comentários

  1. Com a devida autorização, transcrevo para aqui um e-mail de Ricardo André Ramalho, um leitor do Jornal do Centro que conhece bem a nossa realidade radiofónica:

    «Boa tarde

    Li o seu artigo no Jornal O Centro e concordo totalmente com ele.

    O panorama radiofónico em Viseu é para esquecer mesmo.
    A nível de rádios locais,nem a RCI cumpre tal,pois podia ser mais próxima às populações e não o é.
    A Rádio No Ar fecharam par dar lugar à Rádio Sim,que,também tem os 103.6 (uma emissão de Lisboa,outra tem emissão local,emitida desde o Porto,pasme-e isto,do Porto é de onde sai as 8 horas locais da No Ar).
    A Viriato Fm deu lugar à Cidade Fm,que só tem emissão local para dar publicidade local,só por isso...
    A M80,deixou de ter emissão local feita em Viseu,sendo a mesma feita de Lisboa.
    Resultado,quando a mesma era feita de Viseu falava-se sobre eventos da região e noticias bem elaboradas até sobre a região.
    Mas,a partir do momento que fazem desde Lisboa,a animadora só fala em Penalva,Penalva e mais Penalva. Tudo bem que é do concelho de Penalva,mas está restringida ao máximo,repito,ao máximo ao concelho.
    Há a Estação Diária que cumpre bem o seu papel até (rádio jovem,mas dá os relatos do Académico e do Tondela,peca pela cobertura em Viseu ser quase nula em certas zonas).
    Concluo com as rádios nacionais,TSF e RR não se ouvem em condições em Viseu.
    M80,Comercial,RFM e as 3 Rádios Públicas.
    De referir que à uns anos,só as rádios públicas se ouviam bem no coração da cidade.

    Disto tudo eu digo,Viseu tem péssima oferta de rádio.
    Quer a nível das nacionais quer a nível das locais.

    A nível das nacionais,a RR podia aproveitar bem os 103.6 para voltar à RR (por algum motivo comprou os 106.4,mas da maneira como está o panorama,com 2 Rádios Sims,uma com emissão local outra retransmite Lisboa,dá para perguntar se fizeram boa compra ou não,mais valia não terem comprado e ter continado Rádio No Ar).
    TSF,envio mails e nada...

    É esta a minha opinião como ouvinte de rádio.

    Experimente ouvir as rádios nacionais em certas zonas mais criticas,algumas não consegue ouvir dentro de casa...

    Cumprimentos
    Ricardo André»

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