Plantar batatas

Fotografia daqui
Joaquim Pinto da Silva é o único livreiro português em Bruxelas.

Ex-maoísta,
no 25 de Abril de 1974 estava em Lisboa  a viver na clandestinidade e passou todo o dia da libertação sempre com uma  pistola no bolso.
     
No ano seguinte, embora não precisasse, trabalhou como trolha em sintonia com as suas convicções ideológicas.  Todos os dias a mãe dele chorava ao vê-lo preparar a marmita.
     
Era e é orgulhosamente anti-PC porque, afirma ele: o partido comunista "passa a vida a lutar por melhores condições de vida, mas eu para ter seres bem alimentados dentro de uma jaula não contribuo. Não sustento jardins zoológicos." 

     
Contou ao último Ípsilon um episódio com Saramago em casa do embaixador português em Bruxelas: 

     
«[Saramago vira-se para o físico Manuel Paiva e diz-lhe: "O professor queira desculpar, mas enquanto houver fome no mundo acho que não devia haver essas investigações espaciais."»
     
E prosseguiu  Joaquim Pinto da Silva: «Ora, isso é exactamente o contrário do que penso: não se pode impedir um ser humano de andar para a frente, em nome de uma mítica solidariedade. Em coerência, o que Saramago devia fazer era deixar de escrever e pôr-se a plantar batatas para alimentar  os pobrezinhos.»

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