Interesse (do) público *

* Texto publicado hoje no Jornal do Centro








     
1. O escândalo das escutas ilegais feitas pelo defunto News Of The World de Rupert Murdoch está a salpicar o primeiro-ministro David Cameron. Contudo, também os trabalhistas Gordon Brown e Tony Blair (lastimável criatura...) foram, durante o tempo que governaram, uns capachos do sr. Murdoch.
     
O debate deontológico nos media anglo-saxónicos procura a linha que separa “interesse público” de “interesse do público”.
     
Um exemplo pessoal para ilustrar essa diferença: tive este mês obras em casa. O que aconteceu nestes penosos dias dava para fazer uma ou várias crónicas bem pitorescas e acondimentadas, crónicas que, se escritas com arte, seriam do “interesse do público” leitor mas não teriam “interesse público” nenhum.
     
É claro que opinião é uma coisa e notícia outra. Em Portugal não há escrutínio nenhum sobre o papel dos media e as suas traficâncias com os políticos: em 18 de Setembro de 2009, o DN publicou um e-mail trocado entre dois jornalistas do Público (principal concorrente do DN). Essa intrusão numa caixa de correio electrónico mudou o curso das legislativas daquele ano mas toda a gente engoliu em seco e ninguém fez nada. Deu para perceber os telhados de vidro que há no país ao mais alto nível.
     

     

2. Nas eleições internas do PS ninguém quis fazer o balanço do seis anos socráticos. Ora, esse balanço era necessário para o partido poder ganhar balanço para o futuro.

Entretanto, o aparelho abafou o “crítico” António José Seguro. Não surpreende que a direita prefira a sua vitória.
      
O “alinhado” Francisco Assis é mais inconformista, está mais livre para fazer as rupturas necessárias com os últimos 6 anos e fazer uma oposição mais eficaz a Pedro Passos Coelho.
     
Este fim-de-semana os militantes socialistas decidirão.

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