Cidra

Aceito o teu álcool como aceito as palavras
as tuas pupilas fotosfera de um sol
onde mergulho. O dorso aguarda a fermentação da maçã
o sumo que transborda do pomar do teu peito.
A boca é um mamilo secreto
entre dois sexos, traz nos lábios a fome dos girassóis.
Não quero o óleo das plantas douradas
quero o caule e a corola quero a raiz
de alguma pena tua que caia no chão.
Aceito a ondulação do açúcar, ave do vinho,
o vinagre do amor que lava o mar.
Enquanto o sol doira o ventre das searas
eu bebo sem tempo as paisagens da tua infância.
Sentada no colo das macieiras
não sei se me queima se me refresca
a brisa dos moinhos de vento.
Catarina Nunes de Almeida

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